terça-feira, 28 de agosto de 2012

Eu deveria ser mais político

Aquele clichê de sempre: "Futebol, política e religião não se discutem", mas eu sempre acreditei no contrário. São assuntos que mais rendem debates, discussões e posicionamentos. E é bom falar sobre.
O que me levou a escrever este texto foi um fato recente que aconteceu comigo no Facebook: Eu comentei uma foto de um amigo de faculdade, que tinha sido marcado enquanto esteve em um congresso de uma candidata xis de uma cidade xis do abC.
Na foto, repleta de jovens, a futura (ou talvez não) prefeita da cidade, falava num microfone e a única cabeça virada da foto, era desse meu conhecido. Sua expressão era engraçada e resolvi comentar assim:

'Pensamento do fulano: Na boa véi, cê acredita?' e publiquei.

Até imaginei que isso poderia render alguns comentários anti, ou mesmo outros achando a piadinha engraçada, mas o que me rendeu foi esse conhecido me chamando no bate-papo individual e pedindo, gentilmente, para que eu retirasse o comentário, pois ele trabalha na prefeitura e eu 'poderia fudê-lo'.
Pensei comigo: Quanto rabo preso! Porém, analisando a situação, percebi o quanto todos nós temos nossos rabos presos em diferentes circunstâncias da vida e em diferentes locais no mundo, até aqui.
A política é uma merda mesmo, mas dependemos dela e isso é uma outra merda. Na verdade, política e politicagem são duas grandes antíteses que se confraternizam de maneira muito implícita.
Nossas timelines ficam repletas de candidatos que aparecem nessas épocas com rostos limpíssimos, gestos carinhosos e slogans otimistas. Aí aparecem alguns dos seus amigos apoiando o ciclano, te chamando no chat, mandando email marketing estreitando laços para marcar uma conversa e apresentar propostas. Vão fazer corpo-a-corpo, são solícitos aos idosos e compartilham imagens usando terninhos black-tie.
Tudo isso é politicagem. E necessária.
O comentário que escrevi não refletia o pensamento do meu conhecido, refletia a minha opinião e sempre fazemos piadas um com o outro. A foto estava na minha timeline de uma fulana que eu nem sei que é (e agora já peguei raiva da mulher) duma cidade que nem sequer eu voto lá e eu ainda não tenho o direito de fazer o comentário que eu quiser!? Mesmo sendo brincadeira? No meu perfil? Não, não posso.
Apaguei o comentário por respeito ao meu ex-amigo. Vai saber, se calha de ele ser mandado embora e eu acabo como culpado nessa história.
Eu, sempre que vou escrever/falar/confabular sobre política, sempre tento encontrar as melhores palavras. Isso quando eu falo, porquê prefiro ficar quieto e votar em silêncio. Não tenho perfil para estar na política, ou melhor, trabalhar com politicagens, não consigo, até que um dia se torne necessário.
Ano passado recebi um convite para fazer assessoria à um candidato. Não aceitei. No retrasado, convidaram-me para fazer vídeos e ajudar na campanha audiovisual de um outro. Também not.
É mais forte que eu, não tenho talento para isso. Não tenho peroba e queria ter, de verdade. Até gosto de política, juro.
Outra coisa que sempre me chamou a atenção são os horários políticos, que hoje já aprendi a conviver com eles: não há horário eleitoral para os candidatos de cidades pequenas. Não há! Eu não voto nos candidatos de São Paulo, por exemplo, e eles estão arrasando em suas campanhas cheias de after effects.
Os panfletos, outdoors, campanha na TV, redes sociais. No rádio, no tablet e nas calçadas. Quantas caras, quanta gente que eu nunca vi.
Eu não bebo cerveja, mas sei que se bebesse teria mais amigos. Eu não faço politicagens, mas se fizesse...

Um comentário:

  1. muito bom texto, Daniel. "todos nós temos nossos rabos presos em diferentes circunstâncias da vida": é isso.
    acho que existem várias formas "políticas" e a governamental me parece ser apenas uma delas - a mais evidente talvez, porém não a única... também acho que existem várias formas de nos comprometermos com essas políticas: o vínculo a um candidato ou partido, o vínculo estudantil ou empregatício a uma corporação, o vínculo com o cliente da tal empresa ou anunciante.
    a verdade é que sempre estamos comprometidos com algo ou alguém e, talvez a verdadeira liberdade resida nisso: em entendermos que fatalmente estaremos comprometidos e, a partir daí, nos tomarmos senhores dessa escolha, avaliando com quem e sob quais condições vamos nos comprometer.
    se o compromisso assumido for embasado na ética e em práticas das virtudes não só conosco, mas para com toda a sociedade, então estamos no caminho certo. ;)

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