Crescemos! Essa é a resposta. E a tristeza.
Dia desses, conversando com um conhecido do trabalho, tentávamos encontrar pistas para descobrir os motivos de nossas friezas atuais. Quando digo 'nossas', digo de grande parte das pessoas que cercam a grande cidade. Temos dificuldades de fortalecer amizades, de abraçar, beijar e ligar depois de um tempo.
Em alguns segundos, no meio do papo, tentamos lembrar de amigos. Aqueles que temos vergonha de brigar. Que amamos e não conseguimos dizer.
São poucos, são muitos. Não dá para classificar amigo do colega, conhecido do de vista.
Tentei encontrar alguns motivos que nos afastam das pessoas, que nos impede de se achegar e ficar junto num momento.
Interesse move algumas proximidades, estreita os caminhos e passa a ser chave para uma possível aliança. Minimidades como um trocadilho.
Lágrimas são raras. Nesse caso o sorriso passa a ser o de menor importância. Tem todo dia.
Vivemos buscando emprego, beleza e outro parcial que nos aguente, mas esquecemos de classificar os amados amigos nessa relutância.
Temos habilidades na fala, na escrita, nas relações sociais e perdemos o gosto das amizades cultivadas, de ter amigo por ter.
Andamos por aí, viajando por países belos, mas sempre sozinhos. Imagens na rede, milhares de contatos e fontes para ergonomia, trabalho no campo e sauditas, mas não temos essência simples, de amor autruísta e beleza consciente.
Somos tristes, tão tristes. Presos em commodities de prazer. Lençóis de melancolia.
Faz tempo que não vemos o mar, viajamos com nossos pais ou visitamos uma criança que nasceu. Não queremos filhos, não suportamos pessoas demais no apartamento. Queremos o quintal limpo, sem árvore.
Quando a gente vê um amigo de bons momentos passados, logo se lembra, ri e deseja ser mais feliz. Faz nostalgia.
Ficamos mendigando banhos quentes. Temos dor no ombro, na sola dos pés e estamos calvos, tudo resultado da distância bem próxima que cultivamos com nossos trabalhos paralelos.
Vemos que é importante depois que foi embora, que acabou e queremos de novo, mas não cultivamos o hoje. Parece que tudo que foi, tem gosto puritano. Hoje, sofremos, ontem sorrimos. E não.
Há sol hoje.
Tem amor lá fora.
Tem dor também, mas tem remédio.
Tempo para as letras, para o canto, passarinhos.
Engordamos tanto que nosso corpo está feio. Emagrecemos na base de remédios e também ficamos feios.
Passamos por cima, subimos nas costas e gozamos rápido. Eu que valho, o outro nem tanto.
Crescemos tanto e nos entristecemos sem motivo. Temos saudade e pouco apreço por um tempo que podemos fazer melhor e tão bonito.
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