domingo, 1 de janeiro de 2012

Muda


O ano, às vezes, muda antes. Bem antes.
Em tempos que termina-se a universidade ou se encontra um novo amor nessas baladas literárias feitas no fim de novembro, o ano pode ter terminado e a gente nem assim ter percebido.
Era início de dezembro, há dois anos, quando liguei a tevê móvel no trabalho e encontrei uma música, tocando às seis da manhã. Tilintava acordes doces, um lalalá de alegria e uma nova alma oferecida naquele momento.
"quando a chuva caiu, eu me molhei nela"
Duas semanas depois, veio uma ilusão feliz, interessante em alma, que me mostrou que a vida muda previamente sem prescedentes nem avisos; e sem esses fogos barulhentos com mais obrigação que alegria.
Assim como pode mudar antes, pode segurar algumas dores permanentes. Ela é senhora, não nossas ceias.
Confessamos que as festas quase sempre são desesperadas, repletas de anseios de alegria e brigas enrustidas. Isso não nos interessa.
Bem antes do tempo final, caiu uma chuva. Para purificar-nos. Vinha das calhas sujas do telhado, debandava pelas valas, despretensiosa de vaidade. Vinha do céu, para anunciar antes que a vida muda quando bem entende.

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