segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sobre lindos e feios

A beleza abre o apetite. Há quem diga que ela se esvai com o tempo e quem acredita no eterno brilho. Controvérsias.
Ser ou estar bonito, é questão de dia, hora, aura, momento. O ser humano busca incessantemente a beleza do corpo, da alma, do olhar e esquece que a mente processa a beleza que o corpo proporciona.
Há quem prefira ser lindo e há quem queira ter um lindo. Para outros a beleza está no interior, supostos ingênuos que deveriam saber que admirador de beleza interior nada mais é do que decorador. É o primeiro sentido que se vê, a primeira das questões no vestibular da aproximação e também o primeiro prato a se colocar na mesa, bem ao lado da conversa sobremesa. Ter papo é tudo, unido logicamente de um hálito hortelã. Bom papo de enxofre não agrada nem o diabo que se acostuma com tais fatos.
Futilidade e belas curvas funcionam bem uma ao lado da outra. Há milagres que andam e se escondem por aí. Difíceis, ás vezes fáceis, mas sempre com uma aliança no dedo. Pessoas bonitas e inteligentes têm compromissos, senão não teriam essas duas virtudes em um só corpo.
O que tem bom papo, hortelã e camisa engomada não agrada no rosto. É inteligente, sucedido e bem informado de assuntos sexuais, mas na teoria. Vive solteiro a procura de uma saia rodada ou um dinheiro mal empregado.
Há quem diga também que ter um feio é melhor do que ter um lindo. Não há cobiça, não há perigo e há carinho, não exatamente nessa ordem e nem numa veracidade completa. Tudo em suas exceções.
O lindo nasceu assim e sempre será assim, o feio também. O máximo que o feio alcança é o bonito, o lindo não. O lindo não enfeia mesmo que engorde. Há exceções, claro.
À dois, quando se mostra a beleza em excesso de um lado, há questionamentos por parte dos invejosos sobre a tal aproximação. Ou o feio tem muito dinheiro ou tem o lindo como cria. Funciona também com as promoções de emprego.
Beleza tem suas dores, suas conseqüências, mas todas facilmente superáveis. Como se quem é muito bonito não venha a ter problemas financeiros ou amorosos - esses principalmente - por ter uma pele ou um cabelo de dar inveja. Inveja naqueles que não tem ou que criticam a posição do lindo. Os feios alcançam os melhores empregos, as melhores mulheres e os melhores carros (Sempre considere os fatos e não a ordem) Os lindos alcançam quando conhecem um feio que levanta seus caminhos, seja pela simpatia que sentiu pelo lindo, nunca ao contrário.
Interesses há em ambas as partes. O feio quer a beleza que não tem e o lindo o status que de uma maneira ou outra é conquistado.
Buscar a perfeição em um feio é algo complicado, pois por mais que haja emprego, sucesso e popularidade, o lindo vence somente por sua beleza.
Há quem tenha no espelho de Narciso a vergonha da imagem. O estado da alma revela a beleza do corpo. A felicidade acompanha o banho que lava o rosto.
Quem namora um lindo, anda preocupado, ligando e coçando a cabeça. A confiança é mínima e a convivência limita-se a uma redoma de cristais que não reflete a alma. Vê-se somente a carapaça.
Quem aposta na alma que não se vê, paga um preço justo. Tem as datas lembradas, comida boa e é amado, isso quando as exceções falham, pois há feios esquecidos que não se dão conta dos atos.
O perfume ameniza a falta de beleza e as roupas quase sempre são vistas em primeira mão, isso no feio. Fazem a diferença e não acrescentam nada. Diferente nos lindos que com uma camisa laranja velha continuam lindos.
Para os lindos, produtos de beleza dados como presente são complementos e realçam alguma coisa. Para os feios, são ofensa e necessidade.
Há quem prefira sofrer as escórias de se ter um belo monumento ao lado no banco do ônibus. Paga-se um preço por isso e ele é alto. Mais alto do que ficar só: concorrência, auto-dominação e oferecimentos sempre renovados, a não ser que haja humildade na parceria linda, coisa rara também no mercado.
Em outras palavras, a beleza excessiva vale por si só e completa os mais ambiciosos que querem provar, quase sempre para si, que conseguem manter um relacionamento com um semi-deus seja ele grego ou de classe baixa, ou os dois. Sem esquecer que a maioria deles se encontra nos lugares mais inesperados, onde raramente estamos e quase sempre de chinelos e meias.
Os que amam um feio quase sempre são feios também, porém é difícil haver dois lindos juntos. Não dá para explicar. Ou os lindos preferem ficar só, ou são rejeitados pelos menos bonitos por exatamente serem exuberantes. Lindos e feios combinam bem e são as maiores parcelas casadas no mundo.
Em outras palavras, há quem diga também que a beleza é primordial para entreter, ou para ser alguma coisa. Fato negado visto pelos maiores exemplos de sucesso serem tão feios e chamarem atenção por isso.
Beleza e feiúra destacam-se e ganham seus lugares na vida de todos. Discordo de quem diga que os lindos são mais felizes ou vice-versa. Lindo ou feio, nada mais são do que um padrão de escolha e um método para separar um do outro, porém de uma coisa não podemos discordar: todos querem ou ser ou ter um lindo, seja por um padrão que ninguém sabe quem inventou ou por mera vaidade.
Há também quem diga que o feio simpático é feio e o lindo arrogante, é lindo.

2 comentários:

  1. Além de elogiar o layout do blog, quero elogiar seu texto. Gosto bastante da sensibilidade com que vc trata de assuntos tão corriqueiros. Aliás, essa sempre foi uma virtude que admirei em grandes escritores. Gosto também de me deparar com algumas frases suas que dizem aquilo que já pensei, mas nunca havia concretizado em palavras. Adorei esse texto sobre lindos e feios..(Infelizmente ou felizmente, não me enquadro nos "lindos"..hahaha).

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  2. Somos todos um pouco dos dois, mas a ganância pela beleza é grande! Obrigado pelo comentário.

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