Foi o dia do meu aniversário. Quer dizer, é ainda, sempre será.
Pode ser que um dia quando todos os meus amigos e antepassados estiverem ultrapassados, essa data possa ser esquecida quando configurada à mim. Porém, pelo que consta, são minhas bodas anuais individuais enquanto eu exista ou até que alguém, depois de eu ter virado pó, se lembre de mim.
No caso, ontem, vinte e seis largas primaveras; passei um dia corrido, mas com pequenos presentes ocultos. Não teve parabéns, mas teve bolo, de abacaxi. Fui trabalhar e consegui evitar que mil dólares fossem descontados da minha folha de pagamento. Estive fora de casa, por motivos maiores, porém comemorei o dia com pessoas no trem, táxi e numa sala técnica de produtos eletrônicos.
Muita gente me parabenizou, ganhei abraços de gente nova, amigos recentes e pessoas importantes em sentimento. Mensagens escritas pelo celular, telefonemas, presença e colegas que sabem do seu aniversário pela rede social, bombou.
Agrego meu aniversário ao Natal, uma data que eu considero deveras bonita, enfeitada e cheia de reciprocidades gratuitas. É engraçado pois, sempre nessa data, no comecinho de dezembro as ruas estão ainda sendo iluminadas pelas luzinhas pisca e meu aniversário me traz um pouco desse clima que se aloja nas ruas, começando a se iluminar. Eu não me imagino fazendo aniversário no meio do ano, sem ver essas luzes que de alguma maneira anseiam por melhoras. Já me acostumei com aniversário pré-natal.
Quando eu tinha nove, dez, catorze anos, essa já era a data das férias. Sempre aplicado e nerd cdf, saía em férias antes dos outros da sala e viajava para o interior da cidade. Lá ficava até fevereiro e sempre chorava quando tinha que voltar. Na ida eu também chorava, mas depois não queria ver os prédios daqui novamente.
Nessa data, de dia meu, sempre me coloco à refletir, me empolgar com novos planos, correr nu nas ruas, ter um novo amor; em contraponto, problemas familiares, conflitos existenciais, retórica não convincente me trazem lembranças nem tão docinhas. Faço uma análise pessoal e vejo que estou perto dos trinta e nem um livro publiquei ainda. Antecipadamente me desespero, mas logo percebo que há tempo para muita coisa ainda. Inclusive para isso.
Sempre olho no espelho. Sempre. Não é um ritual, mas guardo um pouco da minha imagem, de como estou com certa idade. Coisas de homem.
No ano passado, tive um aniversário de rei. Participei de um evento que reuniu centenas de jovens e no fim do evento, TODOS cantaram parabéns e gritaram por eu fazer vinte e cinco anos. Porém, o que mais me tocou, foi chegar em casa e ter amigos de anos, de cuecas e banhos me esperando com um bolinho e uma vela micha sobre ele. Chorei.
Nasci às 10h40 da manhã e nesse horário sempre me volto para o sol. Eu gosto de ficar quieto, de bruços sobre essa data minha, só percebendo quem vai lembrar; quem vai dizer que a saga de Sagitário está aberta e lembrar 'Pô o Dani faz aniversário esse mês'. É lindo e gratificante isso.
Tenho marcado várias datas de aniversário na minha cabeça. De amigos, família e curiosamente de pessoas que pouco tenho contato, mas que por algum motivo fixou-me a data desse nascimento alheio. Curioso também são as pessoas que fazem aniversário no mesmo dia que eu. Elas sempre lembram e, me lembram, do meu aniversário.
Não sou muito ligado em astrologia, embora eu identifique em outros sagitarianos, pontos de personalidade idênticos aos meus.
É comum chover no dia 5 de dezembro. Minha mãe me contou que quando nasci, choveu e posso afirmar que tenho grande sensibilidade com a chuva. Serena, torrencial, firme ou garoa, ela me encanta.
Confesso que essa etapa no dia do aniversário, de atender telefonemas, ler milhares de mensagens de paz, saúde e mimimi me cansam um pouco, porém resgatam que há pessoas, há quem olha, te vê, lembra e tira um pouco do seu tempo para ligar, enviar mensagem e... lembrar de você apenas.
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