domingo, 17 de julho de 2011

Tristeza de supermercado


Sempre achei supermercado um lugar triste. Não sei. Ou é culpa das altas prateleiras, ou das tampas de maionese amontoadas ou simplesmente a minha vida amorosa que anda tropeçando em ilusórias coincidências e enxerga tristeza até no supermercado.
É um sentimento guardado, escondido, que não fala e não age. Sentimento de solidão que desabrocha automático quando vou ao supermercado, acompanhar a mãe ou um amigo que quer comprar pão. Pão de forma.
Assim como não se deve ir ao shopping quando está solteiro, não se deve ir ao supermercado.
As filas da carne, as geladeiras frias e até as gôndolas de chocolate são tristes. Creio que deva haver uma explicação nisso tudo, por trás dessa melancolia escondida nessa ilha das flores. Mercadinhos são mais aconchegantes que os grandes magazines, mas carregam sua tristeza pertinente comumente. São tristes, solitários e quem está ali, não está.
As pessoas vão ao mercadinho de chinelos, bermuda e blusa de alça e lá passa a ser uma enorme dispensa de casa, vazia. Creio que o espírito de família ronda esses lugares e quase sempre me imagino velho, maduro, comprando pão para levar para casa e comer numa mesa forrada. Acho supermercado triste. Deve ser por isso.
Observo o teto, a cobertura metálica e tudo ali é vazio, ao contrário dos corredores de sorvete e cebolas. Ainda mais se for domingo. O mercado passa a ser um lugar quase que depressivo.
Sugeriria aos casais iniciantes que marcassem um encontro no supermercado, não sempre, mas de ora ou outra para passear entre os corredores horti-fruti e de congelados. Seria um passeio agradável e decisivo, um tanto estranho, mas que um dia, no casamento formatado, teriam que ‘passear’ obrigados por esses lugares. Um teste de futurologia amorosa, sem compromisso.
Já fui ao supermercado com mãe, amigos e amores. E sempre achei triste.

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