segunda-feira, 11 de junho de 2012

Nossa luta de cada dia - Bastidores da Parada Gay 2012

A Parada é para todos. O mundo é gay.
Isso soa como um belo clichê. E é mesmo, embora o conceito dessas frases possam ser revistos e contestados. Contextualizados também.
Quando digo que, a Parada LGBT (mais formal agora) é para todos, refiro-me a 'todos' que superaram o pré-conceito da sexualidade. O sexo é um tabu, sempre será, assim como a homossexualidade em si. Quem explica?
Quando ouve-se de longe, falar da parada gay sem nunca ter participado, aparece o preconceito. Mesmo sendo homem, mulher, gay, hétero ou bi. Tem gente que prefere não ir e 'falar mal'. Quem explica?
Confesso que ir à parada me custou. Mesmo com todas as minhas contestações e pudores, um dia fui, acompanhado de amigos. Estudava os participantes desde o trem que vinha do ABC colorindo-se até chegar no Brás. Via um menino com asinhas, meninas super maquiadas e quando chegava na Brigadeiro, já era todo purpurina.
O arco-íris é o símbolo gay e, na minha opinião, este arco de sete cores é uma das manifestações mais bonitas da natureza. Agrada muito machão que eu conheço. Porém, nem tudo é tão colorido assim como se vê na parada. A vida do homossexual é dupla, com duas correias que movem ou para o anonimato ou para a solidão. E na parada o contrário dessas correias são levadas à rua. À Av. Paulista.
Fui roubado na primeira vez, levaram minha carteira com todos os documentos e ainda me perdi dos amigos. Voltei sozinho pra casa e tive uma bela experiência desse mega evento (not). Isso não foi motivo para desistir da minha militância e procurar na parada um sentido feliz, uma luta escondida em vinho químico e gente se agarrando.
Nos outros anos, fui armado, atento para não ser roubado e com olhares atentos às cores dessa produção. E funcionou.
Consegui perceber na parada a alegria de estar ali, lutando, dançando, miltanto numa causa que é diária, cotidiana.
Nesta de 2012, mesmo trabalhando, conversava com uma travesti sobre a festa. Ela, do interior, trabalhava como professora e ainda não tinha conseguido na justiça ser reconhecida pelo nome de mulher. Disse que sempre vem à São Paulo na parada para se divertir, não para lutar por nada. 'Amanhã ninguém lembra disso aqui, a luta pelo preconceito é todo dia. Hoje eu quero me divertir' disse. E raciocinando sobre isso, pensei que é a verdade. É uma festa, mas que dá um start para essa luta nossa de cada dia.
Joguemo-nos!

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