Neste blog, pequenos textos do muito que se vê, se fala e se vive na poesia calcada de suor no cotidiano. Assim como o feminino de 'leão' é 'leã', de 'cão' é 'cã', o diminutivo de texto é "Textículo"
terça-feira, 13 de setembro de 2011
O Hospital 2 - História
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Cientistas estrangeiros produziram em laboratório uma droga que seria capaz de curar algumas doenças crônicas. Essa substância foi testada previamente em animais de pequeno porte e o resultado foi positivo. Alguns com lesões na coluna voltaram a andar, outros com infecções generalizadas no cérebro, apresentaram melhoras.
A equipe científica americana negou que a droga pudesse curar doenças como o câncer ou até mesmo linfomas menores, porém em contraponto, o governo europeu anunciou que a droga era altamente eficaz e também permitiu que testes fossem realizados nos países.
Até então essa droga não fora testada em humanos, apenas em animais como cães, gatos e em convencionais ratos de laboratório.
A droga chegou ao Brasil no fim dos anos 90 e foi levada à testes em um hospital no interior do estado de São Paulo. Lá, ela seria estudada com mais afinco e possivelmente testada em animais maiores.
A droga, até então benéfica em animais, foi cotada para ser aplicada em humanos, porém o governo não podia admitir que isso fosse feito, para zelar pela integridade da população local.
Conta-se que um paciente em estado terminal, ofereceu-se como cobaia. A família quis intervir, mas como o homem sabia que ia morrer, ainda em sã consciência, deu o veredito e autorizou a aplicação da droga em seu corpo.
Testes foram realizados e o homem que sofria com um câncer no cérebro, teve acesso a uma dose mínima da droga. A droga aplicada nele, foi aplicada com teste, porém nenhum resultado poderia ser previsto nesse caso em específico.
Na noite do primeiro dia de experiência, o homem cobaia entrou em coma profundo, o que preocupou os médicos. Foi colhido sangue, saliva e vários exames foram realizados no homem, que não apresentava mais sinais vitais. No dia seguinte, foi constatado que o tumor aumentara e as chances de sobrevivência do homem seriam mínimas.
Ao final do segundo, pela manhã, o homem faleceu e os testes com as drogas foram suspensos. Durante sua autópsia, o médico legista, percebeu vibrações anormais no corpo do homem. O corpo começou a tremer, sacudir os pés e os ombros.
O mais estranho de tudo isso, foi que o homem, estava totalmente aberto e sem alguns órgãos. Até que, para surpresa do médico, o homem, deitado na mesa obituária, abriu os olhos.
O governo da cidade resolveu interditar o Hospital Central, por denúncias que envolveriam canibalismo e mortes violentas. Conta-se na pequena cidade, que unidades secretas do governo americano pediram que O Hospital fosse lacrado de fora a fora e que todos que estivessem dentro da unidade fossem mortos lá mesmo, para não espalhar os estranhos sintomas da droga em teste. Foi organizada então a "Operação Branca", autorizada pelo governo para 'limpar' o local do incidente. Estima-se que no dia da operação, mais de cinquenta pessoas estavam no local e até hoje não se sabe onde nem o que aconteceu com essas pessoas, que jamais saíram do hospital. Nem mesmo os agentes que realizavam a operação conseguiram sair.
O governo não se pronunciou sobre o caso e abandonou o edifício.
O Hospital foi aberto novamente quase dez anos depois, exatamente no dia 26 de fevereiro de 2011, para vistoria de autoridades no local.
Alguns moradores da cidadezinha foram até O Hospital interditado e relataram cenas horríveis e até fantasiosas sobre o local.
O Hospital será reaberto no dia 24 de setembro de 2001 e o governo promete que vai esclarecer fatos como o desaparecimento de médicos, pacientes e agentes federais.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Estadão – o fim das impressões
Sim, eu saí do Estadão. A história é longa, mas divertida. Diria estressante também, mas com um bom enredo. Com vilões, mocinhos e bruxas.
Para quem não leu os meus primeiros posts sobre os primeiros trinta dias ou sobre o primeiro ano pode aproveitar e ler antes de continuar, mas se não interessar, continue lendo sem clicar em nada.
Não dava mais – esse é meu jargão quando alguém me pergunta o motivo da minha saída de uma empresa de comunicação como o Big Estate. Antes de começar a explicar a mesma história sobre minha saída, inicio com “Não dava mais”. O ciclo se fechou antecipadamente, na verdade por algumas situações que eu julgo que poderiam (e não poderiam) serem remediadas.
Mudou muita coisa lá. Foram muitas demissões, mudanças de cargo, hierarquias atualizadas e gente ganhando menos e trabalhando bem mais. Saíram gestores grandes, editores velhos-de-casa e até novatos que não tiveram tempo de feder por lá.
Eu vi toda essa mudança de gestão, todo esse circo de números humanos que eram despejados para fora daquela imensa redação. Meu (ex)chefe foi junto e deixou a TV que ele criou para outros criarem. Outra no caso. E assim tudo foi sendo deixado.
Para quem não sabe, eu não era efetivado, era apenas “colaborador”, palavra essa que eu passei a detestar desde quando comecei a trabalhar como um. Em nada me diferenciava dos outros funcionários, só na contratação. Horários loucos e madrugadas acordado era o que me aproximava dos repórteres uni-duni-tê. Outra coisa que existia lá eram essas denominações jornalísticas. Hierarquia de ‘repórter um, dois, três, quatro, sub-editor, editor, editor-chefe...’ e por aí vai. Na TV, seriamos sempre técnicos, nada de ideias mirabolantes.
Creio que esse fator técnico foi o que mais me motivou a sair. Não poder criar, palpitar. Era engolido pelo mar de jornalistas que visavam conteúdo de impresso no vídeo. E para explicar que vídeo não é papel? Isso rende outro post.
Na parte que me cabia, as coisas foram ficando insustentáveis. Muito trabalho para uma equipe que se reduzia e era mais e mais pressionada a produzir conteúdo sem conteúdo. Vídeos bem elaborados, enquadramentos pensados, foco, primeiro e segundo planos, tudo isso era regalia desnecessária.
Matérias pedidas, encomendadas, notícias quentes apenas naquele momento. Tudo era vídeo. Vídeo bunda, que não passava de dez ou doze cliques. Nessas horas me lembrava dos vídeos de carro que eu fazia e que viravam comentário na redação, além dos cinqüenta e tantos mil cliques que o vídeo tinha no portal do msn. Ora ou outra eu tentava respirar produzindo um vídeo mais elaborado, com planos diferentes, tentando desafogar essa imensidão de notícias populares. Até produzi com alguns amigos, um especial sobre São Paulo Assombrada. Não foi publicado.
Falavam em HD, HD e tudo foi indo abaixo em alta definição. Eu comecei estranhar muito a gestão atual e esse foi o motivo mor para minha saída.
Indo direto ao clímax, numa quinta cinzenta, cheguei à redação decidido ir embora. E fui mesmo. Passei no RH, na Sônia secretária e anunciei que “Não dava mais”. Fiz toda a burocracia na salinha de recursos humanos mas aaanteess: pedi cinco minutos com a chefona da última sala. A sala dela ficava em frente de toda aquela enorme redação. Uma sala rebaixada, com um degrau na porta e uma parede de vidro, com uma aura de: sou foda. E devia ser mesmo, pois meus cinco minutos viraram quarenta. Lá eu vomitei toda minha insatisfação com a gestão da TV, com a falta de compromisso com o funcionário em não registrar e blá blá blá. Sei que ela me ouviu e com feição de piedade pegou na minha mão e disse:“Fica, vai ter bolo” “Fica vai melhorar, eu quero que você fique” E isso me animou e me emocionou. Não, eu não chorei, mas senti que ela me ouviu, pela primeira vez ali dentro.
Pediu que eu tirasse uma espécie de férias. Alegou que todoprofissional precisa disso, ela inclusive. Pediu para eu ficar em casa e descansar. Duas semanas. Eu não queria descansar. Queria conversar e ir embora, mas dei um voto de confiança. Resumindo: Voltei depois de uma semana e meia. Uma semana e meia de angústia imaginando o momento da volta: Eu poderia ser humilhado no meio da redação, poderia voltar vestido de mulher, ou nu ou mesmo dançar Beyoncé na mesa do editor. Eles poderiam me armar uma emboscada ou nem falar nada. Podiam me matar com uma espada de esgrima, ou me exaltar com uma estátua, por eu ter tido coragem de representar a classe ou sei lá o quê. Isso me rendeu noites acordado, discussões sozinho e muita tristeza, de verdade.
Voltei. Com poucas palavras, mas voltei. O editor me chamou na salinha usada para reuniões do iPad e disse que não precisaria mais de mim. Minha alma riu e viu como é importante ter o gostinho de mandar o caboclo embora. Eu havia pedido e me demitido uma semana antes, mas não deixaram. Quiseram que eu voltasse para pegar um pedaço do bolo. Quando voltei, saí.
Fiquei nervosotristefelizaliviadosementendercabrerolevelivre e dei um passo em falso quando sai da sala do tablet, tamanha era minha confusão. Antes de sair fiquei uns dois segundos olhando para o chão e logo quando levantei a cabeça vi as pessoas trabalhando maquinalmente e normalmente em seus computadores. Talvez correndo para fechar suas matérias e ir para casa. E para mim, aquele mundo já não fazia mais barulho.
Fui então ao cortejo fúnebre da despedida. Perguntas do bio ‘para onde você vai?’ ou ‘você pediu ou te mandaram?’ eram comuns. Além de alguns mais solícitos que anotavam meus contatos em um papel qualquer, para me indicar sei lá onde e depois me davam um abraço desejando sorte. E foi assim amigos.
Chega de carros com logotipo, quartas madrugadas e cafés com fichinha. Porém, estou aliviado, ‘não dava mais’ mesmo! Eu acho que até demorei para sair de lá. Preciso de algo melhor e portfólio/capacidade tenho para isso. Sem demagogias.
Às vezes, acho que não deveria ter voltado. Podia ter sumido, dito que não queria mais e simplesmente fazer da minha imagem um vulto que foi embora. Mas voltei e não me arrependo disso, nem que tenha sido para apenas dar meia volta, sentir o cheiro daquele papel amontoado e ir embora de vez.
Para quem não leu os meus primeiros posts sobre os primeiros trinta dias ou sobre o primeiro ano pode aproveitar e ler antes de continuar, mas se não interessar, continue lendo sem clicar em nada.
Não dava mais – esse é meu jargão quando alguém me pergunta o motivo da minha saída de uma empresa de comunicação como o Big Estate. Antes de começar a explicar a mesma história sobre minha saída, inicio com “Não dava mais”. O ciclo se fechou antecipadamente, na verdade por algumas situações que eu julgo que poderiam (e não poderiam) serem remediadas.
Mudou muita coisa lá. Foram muitas demissões, mudanças de cargo, hierarquias atualizadas e gente ganhando menos e trabalhando bem mais. Saíram gestores grandes, editores velhos-de-casa e até novatos que não tiveram tempo de feder por lá.
Eu vi toda essa mudança de gestão, todo esse circo de números humanos que eram despejados para fora daquela imensa redação. Meu (ex)chefe foi junto e deixou a TV que ele criou para outros criarem. Outra no caso. E assim tudo foi sendo deixado.
Para quem não sabe, eu não era efetivado, era apenas “colaborador”, palavra essa que eu passei a detestar desde quando comecei a trabalhar como um. Em nada me diferenciava dos outros funcionários, só na contratação. Horários loucos e madrugadas acordado era o que me aproximava dos repórteres uni-duni-tê. Outra coisa que existia lá eram essas denominações jornalísticas. Hierarquia de ‘repórter um, dois, três, quatro, sub-editor, editor, editor-chefe...’ e por aí vai. Na TV, seriamos sempre técnicos, nada de ideias mirabolantes.
Creio que esse fator técnico foi o que mais me motivou a sair. Não poder criar, palpitar. Era engolido pelo mar de jornalistas que visavam conteúdo de impresso no vídeo. E para explicar que vídeo não é papel? Isso rende outro post.
Na parte que me cabia, as coisas foram ficando insustentáveis. Muito trabalho para uma equipe que se reduzia e era mais e mais pressionada a produzir conteúdo sem conteúdo. Vídeos bem elaborados, enquadramentos pensados, foco, primeiro e segundo planos, tudo isso era regalia desnecessária.
Matérias pedidas, encomendadas, notícias quentes apenas naquele momento. Tudo era vídeo. Vídeo bunda, que não passava de dez ou doze cliques. Nessas horas me lembrava dos vídeos de carro que eu fazia e que viravam comentário na redação, além dos cinqüenta e tantos mil cliques que o vídeo tinha no portal do msn. Ora ou outra eu tentava respirar produzindo um vídeo mais elaborado, com planos diferentes, tentando desafogar essa imensidão de notícias populares. Até produzi com alguns amigos, um especial sobre São Paulo Assombrada. Não foi publicado.
Falavam em HD, HD e tudo foi indo abaixo em alta definição. Eu comecei estranhar muito a gestão atual e esse foi o motivo mor para minha saída.
Indo direto ao clímax, numa quinta cinzenta, cheguei à redação decidido ir embora. E fui mesmo. Passei no RH, na Sônia secretária e anunciei que “Não dava mais”. Fiz toda a burocracia na salinha de recursos humanos mas aaanteess: pedi cinco minutos com a chefona da última sala. A sala dela ficava em frente de toda aquela enorme redação. Uma sala rebaixada, com um degrau na porta e uma parede de vidro, com uma aura de: sou foda. E devia ser mesmo, pois meus cinco minutos viraram quarenta. Lá eu vomitei toda minha insatisfação com a gestão da TV, com a falta de compromisso com o funcionário em não registrar e blá blá blá. Sei que ela me ouviu e com feição de piedade pegou na minha mão e disse:
Pediu que eu tirasse uma espécie de férias. Alegou que todoprofissional precisa disso, ela inclusive. Pediu para eu ficar em casa e descansar. Duas semanas. Eu não queria descansar. Queria conversar e ir embora, mas dei um voto de confiança. Resumindo: Voltei depois de uma semana e meia. Uma semana e meia de angústia imaginando o momento da volta: Eu poderia ser humilhado no meio da redação, poderia voltar vestido de mulher, ou nu ou mesmo dançar Beyoncé na mesa do editor. Eles poderiam me armar uma emboscada ou nem falar nada. Podiam me matar com uma espada de esgrima, ou me exaltar com uma estátua, por eu ter tido coragem de representar a classe ou sei lá o quê. Isso me rendeu noites acordado, discussões sozinho e muita tristeza, de verdade.
Voltei. Com poucas palavras, mas voltei. O editor me chamou na salinha usada para reuniões do iPad e disse que não precisaria mais de mim. Minha alma riu e viu como é importante ter o gostinho de mandar o caboclo embora. Eu havia pedido e me demitido uma semana antes, mas não deixaram. Quiseram que eu voltasse para pegar um pedaço do bolo. Quando voltei, saí.
Fiquei nervosotristefelizaliviadosementendercabrerolevelivre e dei um passo em falso quando sai da sala do tablet, tamanha era minha confusão. Antes de sair fiquei uns dois segundos olhando para o chão e logo quando levantei a cabeça vi as pessoas trabalhando maquinalmente e normalmente em seus computadores. Talvez correndo para fechar suas matérias e ir para casa. E para mim, aquele mundo já não fazia mais barulho.
Fui então ao cortejo fúnebre da despedida. Perguntas do bio ‘para onde você vai?’ ou ‘você pediu ou te mandaram?’ eram comuns. Além de alguns mais solícitos que anotavam meus contatos em um papel qualquer, para me indicar sei lá onde e depois me davam um abraço desejando sorte. E foi assim amigos.
Chega de carros com logotipo, quartas madrugadas e cafés com fichinha. Porém, estou aliviado, ‘não dava mais’ mesmo! Eu acho que até demorei para sair de lá. Preciso de algo melhor e portfólio/capacidade tenho para isso. Sem demagogias.
Às vezes, acho que não deveria ter voltado. Podia ter sumido, dito que não queria mais e simplesmente fazer da minha imagem um vulto que foi embora. Mas voltei e não me arrependo disso, nem que tenha sido para apenas dar meia volta, sentir o cheiro daquele papel amontoado e ir embora de vez.
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