segunda-feira, 2 de maio de 2011

Estadão – (agora) um ano de impressões


Nem parece, mas passou um ano. Um ano que trabalho no jornal O Estado de S. Paulo. Não posso dizer que passou rápido, foi um tempo de aprendizado e diversas impressões. Estas, variadas, assim como os dias e os ânimos de trabalhar em um dos maiores jornais do país.
É engraçado. Lembro-me que quando entrei na empresa, exatamente no dia três de maio de 2010, sentia um cheiro no corredor de acesso à redação principal. Não sei explicar. Era um cheiro de papel, ou de muito papel amontoado, ou minha mente que traduzia ser papel, o cheiro.
Era um aroma. Com o tempo esse cheiro foi passando, esvaindo-se entre as tarefas do dia-a-dia, mas impressionantemente, às vezes, durante a correria, eu sinto esse cheiro novamente e esse aroma antigo, me leva àqueles dias atrás, dias de insegurança, de medo de ir ao banheiro e querendo mostrar muito serviço. Dias também de extrema felicidade por trabalhar em uma mega-empresa, na Globo dos jornais impressos. Digo isso com uma modéstia verdadeira.
Hoje já me acostumei a trabalhar em um grande veículo, mas confesso que muita coisa ainda me assusta, quando percebo a repercussão que meu trabalho toma quando o nome Estadão vem junto com o resultado. Para minha área, (que não é o jornalismo) trabalhar aqui pode não significar grande coisa, já que o vídeo não é prioridade. Embora com a convergência de mídias, o vídeo está tomando grandes proporções, tem jornalista velho de casa que não se importa com a imagem, mas com as palavras. Cada um com sua importância.
Minha auto-estima profissional deu um salto, positivo. Vi repórteres consagrados elogiando minhas produções, mesmo eles não sabendo quem eu sou e quem fez determinado vídeo. Outra confissão é achar que todo mundo que vai trabalhar com você, numa empresa de nome, é super profissional. E não. Como em qualquer outro lugar, tem gente que eu não sei como conseguiu fazer uma faculdade.
Passei por boas experiências nesse tempo. Viajei pela primeira vez de avião, para Salvador. Vou para casa de motorista, e vou trabalhar de táxi também, às vezes. Andei de helicóptero sobre o Tietê, conheci o Maluf, Arnaldo Antunes, fui à casa do Dinho Ouro Preto, abracei o Cauby Peixoto, andei na tucson da Globo, fui ao show da Corinne Bailey Rae, da Norah Jones, Lauryn Hill, tudo de graça e na área para convidados. Fui ao SPFW, vi a Christina Aguilera bem de perto, Paris Hilton, fui ao Salão do Automóvel, andei de Porsche, Audi, dirigi vários carros caríssimos, inclusive um Camaro vermelho na Lapa. Vi muita gente entrar e sair da empresa. Até pessoas com anos de casa, gente grande, como meu chefe, que foi mandado embora. Ele, que me entrevistou, despediu-se rapidamente numa quarta-feira e foi embora. Gravei muitas horas de vídeo, tive muita dor de cabeça, me estressei demais com algumas pessoas. Discuti feio. Fiz ótimas amizades, fiquei sabendo de muita fofoca de corredor, me assustei com o tamanho do refeitório e já quis ir para outro emprego. Trabalhei vinte e duas horas ininterruptas e me acostumei a trabalhar aos domingos. Tenho uma mesa só minha.
Você deve estar se perguntando, o motivo de se escrever sobre um ano numa empresa. Só um workaholic faria tal proeza. Porém, meus motivos são simples: orgulho e isso de mim mesmo. Acho saudável e necessário, para entender melhor os caminhos que permeiam nossos dias. Não sei quanto tempo ainda estarei no Estadão, mas espero que esse cheiro que eu sinto pelo corredor, esse aroma de novidade, ande comigo em qualquer outro corredor que a vida escolher e querer tornar velho e cheio de monotonias.

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