Neste blog, pequenos textos do muito que se vê, se fala e se vive na poesia calcada de suor no cotidiano. Assim como o feminino de 'leão' é 'leã', de 'cão' é 'cã', o diminutivo de texto é "Textículo"
Praça da cidade, com coqueiros,
parque de diversões e cavaletes animados
Neste domingo, dia do pleito, saí de casa com dor na consciência em saber que sou obrigado à votar em alguém. A obrigação me faz doente, me mostra o quão dependente ainda sou de um país que se diz livre.
Em dias de eleição e ano novo, fico nervoso. Chego até a tremer, por saber que me obrigam implicitamente nessas duas datas à, respectivamente, votar e comemorar. Já pensou em não comemorar o réveillon? Ficar no quarto, comendo algum prato pronto e dormir antes da meia noite? Não dá. Os fogos te acordam, a televisão te impregna da novidade chamada ano, sem contar os familiares que te perguntam se está tudo bem, para 'numa época de festa, você querer apenas ficar quieto no seu quarto'.
Fora os desejos de correr nu pela rua nessas datas, o que me incomoda muito (e me incomodou extremamente neste 7 de outubro de 2012) foram as ruas forradas de santinhos e cavaletes, quebrados e atrapalhando o fluxo ainda por cima. Vejam as fotas.
Mulher caminha sobre santinhos políticos
em frente à escola que serve de ZONA eleitoral
Embora eu não esteja morando em Santo André e continuo votando porraqui, ontem após o trabalho, quando desci do ônibus aqui no bairro, pisei numa camada indecente de papéis de candidatos. Me deu vontade de dizer um palavrão: POUXA!
Em tempos contemporâneos, fala-se tanto de sustentabilidade, limpeza da cidade, cuidado com o quadrado do outro e ainda assim notamos as ruas infestadas de papéis que vão entupir bueiros e urnas eletrônicas, porquê inocente é aquele que pensa que os santinhos não fazem milagres. É incrível a quantidade de pessoas que não se informam sobre os candidatos antes das eleições e acabam votando no primeiro papelzinho que encontram no caminho da zona eleitoral. Vergonhoso.
E não para por aí. A boca de urna é explícita, feita pelos mais 'simples e humildes' que ganham setenta reais para tomar um pinga - e que porre é esse? - quando humildade não se confunde com ignorância.
Vamos votar em quem menos aparecer
nas papeletas?
Indo votar, fui abordado por umas três ou quatro pessoas, oferecendo-me santinhos. Falam baixo, são educadas e esticam o braço para te apresentar NO DIA DA VOTAÇÃO um candidato bom. O problema é quando você vê pessoas que conhece praticando tal crime. Essa é a boca de urna explícita, a menos descarada delas, porquê tem a implícita também, aquela que é velada, que vem do alto, onde caso alguém reclame, dá para dizer que 'não estou fazendo propaganda para ninguém, só usando uma camisa com a cor que eu e meus setenta amigos gostamos'. Isso me deixa vermelho de vergonha.
Num mundo perfeito, não teríamos tanta sujeira na rua, tanta cara desconhecida sorrindo para alcançar voto, tanta pobreza camuflada. O problema é que, quando questionamos a obrigatoriedade de votar, eu me pergunto como seria se não fôssemos obrigados a exercer essa função de jurados para calouros-políticos. Se votar de maneira obrigatória já é ruim, pior seria se não houvesse essa tal democracia. Então já não sei o que pensar e o que querer, já que tudo parece ser uma questionável opção.
Gosto de guardar papéis. Do banco, cinema, chocolate, bala de menta. Papéis com histórias, que foram importantes em algum momento da vida.
Gosto também de rememorar e marcar datas. Quando mudo de casa, encontro uma música boa, reencontro alguém no trem.
Uma das coisas que eu mais gosto também é de fazer aniversário de trabalho, de trampo, de serviço. Contar os dias e notar que algum tempo se passou desde que comecei a trabalhar em determinado lugar e ver o quanto cresci com as experiências.
Na publicação deste post (03 de outubro de 2012) estou completando um ano de trabalho na empresa Diário de S. Paulo, como produtor multimídia, editor da TV Diário/BOM DIA; e resolvi escrever para comemorar.
Meu bloco de anotações e ao fundo a página de quem sou o pai
Saí de outro jornal em agosto de 2011, sem rumo, sem saber aonde trabalhar.
Estava psicologicamente abalado por um trabalho que estava me tirando a paz e me baixando a auto estima profissional. Trabalhava mais de dez horas por dia, folgas mínimas e uma vida social comprometida. Se quiser conferir toda a saga da saída desse ex-trabalho, só clicar aqui.
Lá, eu trabalhava na parte de vídeos, fazendo a mesma coisa que faço hoje: gravando como cinegrafista e editando no premiere CS3.
Após minha saída, lembro-me que o dia seguinte em casa foi de muito pesar. Embora eu não quisesse me abalar facilmente para não entrar no desespero do desemprego, aquela quinta-feira foi muito desgastante, embora eu não tivesse fazendo absolutamente nada.
Era um dia de muito sol. Sol escaldante. Acompanhei um amigo ao ponto de ônibus e a rua parecia se contorcer, tamanha era minha confusão. Estava triste, com medo de ficar desempregado, sem saber que rumo tomar.
Meu ex (atual) chefe, já estava no Diário. Lembro-me que, o jornal iria estrear um novo portal, com um canal de vídeos exclusivo. Lembrei disso.
Mandei o texto deste blog, comunicando minha saída e propus conversarmos para, possivelmente, eu trabalhar no novo portal na área dos vídeos. Depois de toda a saga, lembro-me do chefe me ligar e dizer:
- Fica tranquilo. Te ligo na segunda.
Aquilo me deu um grande alívio. Saber que haveria uma possibilidade por trás daquele 'Fica tranquilo'
Quando entrei no novo trabalho, levei comigo alguns traumas do trabalho anterior que até então estavam me estafando psico e fisicamente. Ao sair no meu horário, me sentia culpado, imaginando que poderia trabalhar mais um ou duas horinhas, mesmo sem ter coisas efetivas para fazer. O portal ainda nem sequer tinha estreado e eu numa pilha absurda. Traumas antigos.
Fizemos vários testes, várias reuniões antes do novo portal estrear. Quando estreou, eu tive que 'rechear' toda a página de vídeos sozinho, o que me assustou um pouco.
No começo, o portal teve picos de audiência, era novidade e direto passava o comercial na poderosa das emissoras. Estava ansioso para gravar, editar matérias super legais e não imaginava que não seria assim. Seria melhor.
Junto comigo entraram também algumas pessoas. O bom disso, foi o crescimento mútuo. O engraçado era, que na época em que eu entrei, o jornal havia demitido em massa muita gente e em minha caixa de email, eram constantes as mensagens de 'Até logo' ou 'Fiquem com meus contatos' num momento que tudo era novidade para mim. Enquanto um ciclo se fechava para alguns, outro se abria para mim.
A primeira pauta que eu fiz no novo emprego foi o Cirque Du Soleil, na turnê Varekai. Gravei com uma câmera amadora e pude assistir todo o espetáculo. Foi mágico, literalmente. Logo que estreamos, quando coloquei o primeiro vídeo, com qualidade pífia e o logo do jornal no ar, meu chefe veio ao meu encontro e bateu as mãos comigo dizendo: 'Estreamos'.
Depois disso, as matérias foram melhorando e na convivência com meus novos companheiros de trabalho, foram aparecendo as amizades, algumas intimidades e o respeito profissional. Tenho a sorte de trabalhar com pessoas de muita índole e que sabem o que é sofrer na vida para dar valor ao que se tem.
A redação é mediana em tamanho físico. Dá para conhecer todo mundo, mas não convém, como tudo na vida.
Uma das coisas que eu prezo bastante no meu trabalho é a autonomia. Poder dar ideias, realizá-las e poder brincar com as possibilidades, ver e sentir o resultado. Pude gravar ótimas matérias, conhecer ótimas pessoas e claro, me realizar profissionalmente.
Um ano. Estou há um ano neste novo trabalho e muito feliz. Gosto de contar minhas experiências para as pessoas, pois há muito de enriquecedor no próprio testemunho de vida.
Chega de conversas. Abaixo, listo sete das, que eu julguei, as melhores reportagens produzidas por mim para a TV Diário. Segue em ordem decrescente:
7º Lugar: Fãs da Britney acampam em frente ao Anhembi
Esta matéria foi engraçada. Dancei com os fãs na gravação, trocamos figurinhas e ainda fiquei na pista premium no dia do show. Loosho!
6º Lugar: São Paulo Assombrada: Liberdade
Um dos vídeos da série "SP Assombrada" que gravei com dois grandes companheiros de trabalhos aleatórios. Dois temas que me instigam: a cidade e seus fantasmas
5º Lugar: Monstros comentam as últimas Noites do Terror do Playcenter
Sonho de criança: conhecer quem são os monstros do Playcenter, entrar onde eles se transformam. Me transformei depois disso.
4º Lugar: Zombie Walk SP 2011
O sonho de qualquer fã do gênero. Ver a cidade infestada de zumbis.
3º lugar: Entrevista com o dublador do Kiko, Nelson Machado
Preciso falar alguma coisa?
2º lugar: Quartel da Polícia no Pq. Dom Pedro
Esse é um lugar que eu sempre quis entrar na cidade. Do lado de fora, o imóvel me encanta. Entrei e gravei seu abandono.
1º Lugar: 5 anos do acidente da TAM
Essa foi a matéria que me fez doente. Chorei na gravação, passei mal sonhando à noite e tive um resultado divinal quando pude prestar essa homenagem aos familiares que choram por seus entes falecidos neste triste fato. Valeu.